sábado, 6 de setembro de 2008

Matinal

"Escreve devagar senão ninguém te lê, escreve pouco, mas não deixes de lhes mostrar e fazer sentir aquilo porque passamos. Não te esqueças que me dá um raio duma ponta ler o que escreves sobre nós. Voltarei mais depressa.... Serei mais escrava e mais obediente.... Sofrerás muito mais às minhas mãos....Antes de adormeceres no meu colo. Vai, vai escrever. E não olhes para outras, ouviste?"

Era muito cedo e não me parecia boa ideia, mas tinhas-me surgido tão entusiasmada que não podia correr o risco de perder essa promessa de emoção. Só pensava em inconvenientes, porque iríamos ficar marcados e porque ambos teríamos um dia de trabalho complicado pela frente. Pensava em roupas amachucadas e manchadas e principalmente que se alguém se apercebesse que tinhas estado a foder tentasse tirar partido disso. Perguntava-me a mim próprio como, e imaginava uma série de maneiras de ir por esse caminho. Desisti de pensar.

Cheguei adiantado e escolhi um sitio que me pareceu bem. Já ali havia estado antes, é impossível descobrir sítios novos por aqui é o que parece. De manhã o ambiente é diferente e há outro tipo de movimento. Telefonei disse onde estava, entretive-me a ensaiar o tipo de atenção que iríamos despertar. Não pensei muito nisso até porque podia ter o azar de mudares de ideias no trajecto.

Afundado no banco senti parar o carro ao lado, nem olhei. Ali sozinho no meio de nada a pararem ao lado só poderias ser tu. Saí para te abrir a porta mas cheguei atrasado....Já estavas a colocar as pernas de fora quando o meu olhar chegou e pareceram-me muitos os minutos que demorei a percorrer aquele metro até te tocar. Abraço, levantei-te do chão e encostei-te o mais que pude à expressão mais rija da minha alegria que saltava de contentamento por debaixo do fecho das calças desde que os meus olhos vislumbraram o teu decote, a meia preta, aquele maldito sapato fechado que me põe fora de mim.

"Vestida para foder?", perguntei.
"Não, vestida para despir!" respondeste.
"Resposta sempre pronta na ponta da língua?" observei.
"Não, mas sempre pronta para te fazer vir com a língua".

Entrámos pela mesma porta do carro num ensaio descontrolado de mãos e botões e fechos. Desenrola-se uma batalha de preliminares de banco da frente, mamas, soutien, braguilha, sem tréguas. Vagamente reparei que não passávamos despercebidos ao empregado da caixa do parque de estacionamento, à distância, e que os vidros estavam já bem embaciados. Gosto de carros suecos porque tem uma suspensão discreta que não revela muito o movimento interior, ainda bem. Completamente inútil a pergunta mas: banco de trás?

Banco de trás
No banco de trás despimo-nos completamente um ao outro de forma mais contida e saboreada, havias-me pegado há muito o vicio de saborear, sem pressa, todos os degraus que conduzem ao orgasmo e tentava respeitá-los porque sabia que compensava, mesmo que fosse um recém-chegado às aulas deste curso. Deixei-te afundares-te em mim e fui-me vindo lentamente na tua boca, sabida, que praticava o broche que ambos desenvolvemos por mútuo conceito, no nosso laboratório privado de salas de cinema, observados no escuro por sombras ritmadas. Posso deixar escrita a receita desse broche? Talvez no final?

Parei-te. Chegou a minha vez e estava louco de desejo por te saborear e sentir trepidar de desejo. coloquei-me de joelhos no chão do carro e deitei-te, confortável, ao longo do banco, comecei uma versão banco traseiro do teu minete favorito. Lamber e entrar, língua, dedo, e dedos, e sexo, e repetir com entusiasmo, alternando a ordem das variantes. Sei que te estás sempre a vir e desisto de perceber quantas vezes. Procuro agora o sinal que me diz para passar ao movimento seguinte, vejo a tua expressão que chamas de alivio de pressão (pressão dessa tesão que te invade pela manhã...).
Num movimento estou com uma perna tua esticada sob o banco e outra no meu ombro e vai ser difícil ter outra posição, ambos estamos muito adiantados para mudar de posição ou fazer durar mais este frenesim que já dura há bastante tempo. O teu orgasmo salta finalmente do teu fundo de forma ruidosa e que não consegue ter em conta que estamos onde estamos.
Continuo calmamente sem parar o movimento apenas abrandando um pouco enquanto aguardo o teu regresso ao mundo dos vivos que acontece num instante.
Afinal sempre mudamos de posição, sento-me recostado e confortável enquanto aprecio os teus pés em cima do banco antes de te sentares em mim, seguro-te o rabo enquanto procuras a melhor forma de tornar pouco dispendiosa uma penetração anal completamente contra-indicada para o banco traseiro de qualquer carro. Mas o encaixe está feito e calmamente observamos os dois o movimento de vai-e-vem do meu corpo a entrar e sair do teu, lentamente começamos a saborear cada centímetro desse movimento a temperatura parece-me começar a subir, imenso, naquela zona do meu corpo que percorre o teu interior. Sinto que te vens de novo e abrandas o movimento. Paro a incursão anal, saio de ti e penetro-te pela frente fundo e bem encaixado, a minha intenção é esperar por ti para continuar mas vejo-te morder o lábio e percebo que a hora da maldade chegou, vais fazer sair da cartola os teus truques todos e o teu conhecimento de mim. Venho-me num abraço profundo prolongadamente e mantemo-nos assim uns minutos encaixados, alheios, num torpor sonolento de colo e paixão
.

A roupa? Uma desgraça.
Os perfumes? misturados.
O cabelo.....Revelador.

Não, não vamos trabalhar esta manhã. Vesti-me saí do carro a sacudir-me e fui à cabine pagar os dois estacionamentos, à volta havia já imensos carros surgidos entretanto. Imagino a alegria e assunto de conversa que teremos dado a uma mão cheia de gajos e gajas para o dia todo e certamente também para .... a noite.

6 comentários:

Luna disse...

Que continues a escrever assim, em sentidos de pele na pele, t(r)ocas de corpos, num emaranhado de sensações, odores e sabores.

Vividos. Experimentados. Novos de cada vez que acontecem. Sempre novos, porque únicos.

Ah...este link vai ficar no meu blog (acho que é o primeiro)

Pearl disse...

Uma bela e corajosa aventura matinal!
Roupas compõem-se, cabelos penteiam-se, cheiros permanecem!

beijinho

A Silenciosa disse...

Belissimo delirio..........

Beijo....meu

Silk disse...

O_Silêncio é de seda...
Será um acaso?

Mostra-te, fala-me de ti. A curiosidade tem muito em comum comigo....Mata gatos....

Estou a servir o vinho, vou-te procurar lá onde pus a mesa.
Não demores. Ou demora-te, se valer
a pena.

Beijo de seda.

A Silenciosa disse...

Seda?........não creio.

Comigo tudo é demorado.....mas o encontro mantem-se. Serves o meu copo?

Beijos..........meus

Silk disse...

O_Silêncio,

Deixei-te isto no "extracto"
mas se andas por aqui eu transcrevo:

De Silk a 8 de Setembro de 2008 às 02:34
Servi o vinho, não enchi o copo, assim não precisas de te demorar. Se decidires ficar o próximo enches tu e saberei que permaneces.
Não confesses mais, deixa-me tentar adivinhar o resto. Porque o sexo é uma meta que quando se avista nos faz permanecer na corrida mas até lá o percurso é uma maratona variada de condimentos necessários ao triunfo na corrida das emoções.
Quem sabe já nos cruzámos sim, o teu aroma não me é estranho e eu tenho um olfacto apurado que alio ao
Beijo de seda.