domingo, 7 de setembro de 2008

Ensaio


A ideia tinha sido tua, por mim deixava tudo ao acaso e ao risco insustentável e insuportável. O risco não me excita de forma especial é igual a qualquer outro factor da relação. Se tiver de optar por uma lista de situações escolherei o conforto de um quarto de hotel limpo e confortável com ambiente condicionado, nunca por sexo em público. Mas, se acontecer em público como tantas vezes provocas, é sempre um tipo especial de excitação, embarco sem contrariedade e sempre com.....Prazer, húmido....

Pensar no percurso de treino que delineámos durante o almoço estava-me a agradar, imaginava que essas sessões de treino seriam bastante compensadoras na medida em que nos iríamos comer dias seguidos a título de encomenda. Isso sim, para mim é excitante.

A ideia de conseguirmos fazê-lo no meio de gente, em pé, até ao fim e sem ninguém ter a certeza do que se estava a passar era arriscada, nova e mirabolante. Mais tarde haveríamos de nos rir quando nos confrontámos com o facto de IMENSA gente já ter feito o mesmo. Contava o que contava, para nós era a nossa aventura, outras se seguiriam.

Encontrámo-nos ao fim da manhã como fazemos muitas vezes e decidimos seguir o nosso pequeno guião desde logo. O primeiro capítulo dizia que nos excitaríamos até ao limite sossegadamente, na segurança da nossa intimidade, de forma a irmos muito perto da recto final quando chegasse a hora da verdade.
Desta forma procurámos de mão dada um local sossegado e assentámos arraiais, pedimos dois cafés, curtos em chávena escaldada como é nosso hábito, estereofónico. Calmamente sentados de frente, debruçados sobre a mesa, iniciámos um beijo explorador e calmo, primeiro um roçar de lábios, depois um mordiscar de que ambos não prescindimos, depois gradualmente, deixar correr a disputa das línguas por um território, uma permanência dentro do outro, sôfregos, esquecidos, entusiasmados, tentando sorver todo o ar do companheiro para sentir quem se submete, quem fica por cima ou quem fica por baixo, quem manda ou quem é mandado.
Nunca chegamos a nenhuma conclusão, por isso nos continuamos a beijar sempre como se fosse a primeira vez.
Quando nos descolámos finalmente, os meus dentes segurando o teu lábio inferior quase ferido, os cafés estavam pousados, abandonados, ao nosso lado. O sabor do café e o aroma entre nós estabeleceu momentâneas tréguas neste jogo de tesão e levou-nos aos planos que precisávamos traçar. Tínhamos marcado hotel para a tarde mas iríamos ainda almoçar nas redondezas e desenrolar o nosso jogo bem planeado.
Primeiro queríamos escolher o local onde se desenrolaria a aventura, de imediato rompemos em hilariantes e loucas situações imaginadas. Falámos de casamentos e funerais, de metropolitanos e filas de check-in de aeroporto, paragens de autocarro e elevadores panorâmicos, de uma caminhada ao longo do passeio alegre connosco indiscreta e indecentemente colados, eu atrás de ti, movendo-me apaixonadamente, como uma sombra, sempre dentro de ti, deleitando-me com o movimento das tuas coxas e nádegas ao andar.... Rimo-nos.
Precisávamos de uma coisa mais segura mas igualmente excitante.
Enquanto isso íamo-nos provocando indecentemente, mãos sem descanso percorriam coxas e o ponto central onde estas se encontram, beijos ocasionais, tudo na maior naturalidade. A curiosidade dos circundantes havia mesmo arrefecido ao ponto de apenas dois jovens, sentados ,afastados, permanecerem interessados e fixos na nossa movimentação.
Por alturas de pagar a conta, havíamos escolhido o sitio para o nosso show fetiche e eu estava pronto para me vir no momento que decidisse.

Eliminámos a sala de espera do hospital porque têm vigilância e porque teríamos de estar identificados, se alguém nos topasse não adiantava sair à pressa. Transportes públicos podíamos ser confundidos com essa espécie de tarados que se exibem em público e irmos dentro. Teria de ser um sítio onde fossemos anónimos e nos pudessemos diluir caso corresse mal. Parecia que estavamos a planear uma delinquência comum. Decidimos por isso o passeio de Domingo à beira rio de manhã.
Seria uma boa desculpa a emotividade da paisagem para estarmos encaixados demoradamente e mesmo para ondularmos musicalmente ao sabor dos espasmos que prevíamos poderem denunciar-nos. Planeámos um vestido aberto, cruzado atrás, e calças de fecho bem baixo. O que escorresse do fim da actividade teria de ser contido pelo colar das coxas e espalhado por estas. Um perfume em spray seria dispositivo anti-odor de emergência. Estava tudo planeado. Mais tarde haveríamos de rir-nos destes planos de principiantes quando a adrenalina começou a ser bombeada também pelo improviso e quantas vezes bastava um puxar o outro, contrariado, para as maiores e mais arriscadas cenas de sexo em público.

Entrámos no quarto já com a queca a meio. Parámos no entanto e começámos a proceder conforme combinado. Sabíamos que iria ser uma tarde longa e estávamos sem pressa.

Procurei uma cadeira e encostei-a à parede com apoio de costas virado para o meio do quarto, encostei-me em pé como se fosse um gradeamento típico de protecção do rio. Abri os braços em concha para ti que lenta e provocante encenaste um rodopio-passo-de-dança e te encaixaste de forma dependente e apaixonada. Ficámos assim algum tempo. Pensei em silêncio que numa atitude daquelas tão evidentemente apaixonada, mesmo que alguém se apercebesse que fazíamos amor como poderia achar mal?
Aliviei com um gesto natural a minha pressão sobre ti, a tua mão hábil procurou o meu sexo num gesto despistante e confundível, encontrei-me rapidamente à porta de entrada do teu corpo onde me mantive pacientemente, provocando o teu desejo com pequenos toques que atingiam o seu pequeno alvo entumescido. Podia-me manter assim muito tempo numa massagem suave ao teu clitóris que não suporta este tipo de provocações, mas sabia também que essa insistência te soltaria os movimentos incontroláveis e os sons, uma vez abstraída das circunstâncias. Por isso penetrei-te com um pequeno jeito de rins.
Até agora nada neste ensaio de prazer nos parecia detectável pelos transeuntes, porque continuavamos a dialogar e movendo-nos melodiosamente, acompanhando a dança das águas do rio imaginárias.
Mantivemo-nos, conferimos depois, 14 minutos nesta movimentação. Os liquidos balsâmicos abundavam e escorriam de forma imprevista pelas tuas coxas, eu estava indecentemente molhado, roupas e corpo. Catorze minutos é imenso tempo para me vir neste tipo de rapidinha, e no ambiente natural as distrações e desconcentrações iriam prejudicar ainda essa média. Indiferente às minhas condicionantes, saltavas de orgasmo em orgasmo que se tornavam mais evidentes, para mim, pelo movimento que adoptavas para disfarçar e pelo efeito pele de galinha nos teus braços aliado ao rubor instalado no teu pescoço.
Por fim vim-me sem conseguir evitar contrações pouco disfarsáveis e principalmente um torpor muito forte devido ao esforço da situação.

Abro a cama e atiro-me para cima dispo-me à pressa, estou doido de tesão e reparo que tu não estás mais controlada ou controlável que eu próprio. Fazemos sexo desenfreado e puro até cairmos no abraço de colo que devolve a junção do amor com o sexo, neste ponto final onde nos detemos sempre que arrefecemos e voltamos a raciocinar, recuperando o controle da mente sobre o corpo.

Afinal talvez não seja necessário repetir o treino.

7 comentários:

A Silenciosa disse...

Muito elaborado, com direito a treinos e tudo.......imagino que mais excitante na pratica, do que na teoria.

Ainda não foi "desta que nos cruzámos"

Beijo.............meu

Anónimo disse...

Hmmmm.... eu assim, treinava as vezes que fossem precisas...

Pearl disse...

Talvez não seja...

Beijinho

g. disse...

hummm porque que este "ensaio" me pareceu tão pessoal... e único...

carneiros... rastilho curto... explosão imediata... tão únicos e iguais a si próprios ou são os ares do norte que os tornam assim.

é claro q ñ preciso de dizer q adorei o q escreveste é dificil ver/ler um homem escrever tão bem e sensualmente os prazeres carnais.

bjs

Silk disse...

A_Silenciosa

Estamos a cruzar-nos desde que começámos esta troca sem salpicos.

Por enquanto sinto uma brisa aromática, morna, que me toca ao de leve quando entras e sais. Imagino-te menos cuidadosa com os movimentos. Desde que não entornes o vinho, acabei de encher os copos.

Atrasada de novo?

Eu espero....

Silk disse...

O_silencio

Fui ver o seguimento do diálogo no cantinho onde temos estado a conversar e fiquei um pouco desconcertado. Deixei-te lá o seguimento.

Beijo de Seda.

Silk disse...

g.
ainda bem que gostaste, o teu comentário enaltece este espaço com um toque diferente que aprecio bastante. Tentei deixar uma resposta no teu espaço que não consegui devido à existência de um filtro de "abusos" que não entendi como contornar. Mas compreendo que o filtro está a fazer o seu trabalho e bem, afinal "abuso" é o meu apelido...

Deixo aqui o comentário que não consegui deixar lá:

"Obrigado pela sua visita ao meu canto e pelo comentário gentil que teceu. Voltarei aqui com outra roupagem para a comentar devidamente, sabe como pode ser inconveniente esta minha pele de lobo quando tenho de circular num ambiente tão familiar...."

Beijo de Seda