domingo, 2 de novembro de 2008

Seda

Prometi que te escreveria. Sentei-me calmamente de papel na mão ao sol da tarde no alpendre da minha casa virado a oeste. Gosto de escrever sob papel, riscar, escrever por cima, dar erros que sei vou corrigir depois e principalmente sorrir com a consciência de que vou alterar tudo ao passar para o computador. Sob a mesa um café quente, um Whisky puro espera a sua vez para não ter de me levantar, interromper, quando a caneta começar a correr pelo papel. Música escolhi a que me enviaste naquele dia em que estavas menos bem.
No meu novo MAC o Picasa passa em diaporama as tuas fotos, que juntei com cuidado numa pasta com o teu nome, separada de todas as outras pastas com nomes de mulheres. O teu nome mas não todo, apenas aquele que preferes, também o aprovo, gosto, é biblico, fica-te bem.

Revejo mentalmente o que sei de ti, é pouco mas diz muito e principalmente deixa tanto por dizer e por contar. Mentalmente fixo a tua foto, por mim eleita a melhor, e tento imaginar-te no teu dia a dia altruísta que fascina e surpreende. Tento entrar na tua mente mas não consigo, faltam-me ligações, o teu olhar nas fotos não tem reflexos e falta-me a tua voz com a qual pretendo substituir a música de fundo dos sonhos para onde arrasto constantemente a tua imagem.

Pego na tua foto e recorto-a. Faço recortes com as nossas conversas, velas, colo, lareira, costas frias, pentear-te com um sopro, o chá quente e o champanhe frio, o brilho nos olhos ou a pele que brilha de felicidade... Aprendiza, saboreada arrepiada. A lareira que acendes com as palavras e te aconchega a imaginação. Olho-te e não ofereço resistência à paixão que me chama, preparo o colo para te merecer, desembrulho uma manta de lã para proteger as tuas costas nuas, onde desenharei com as pontas dos dedos durante horas, em silêncio, enquanto sorris de prazer e me esperas até à impaciência dos sentidos.

Ao fundo o mar faz um ruído especial que me desperta da prosa com que me aproximo de ti. Espera até que comece a escrever-te a poesia que me inspiras. Se o fizer prometes que fechas os olhos ao caminhar no escuro?

9 comentários:

Anónimo disse...

O café quente que sabe(-me) quase a nada quando se o bebe frio. O whisky, barato e reles porque o que arde na sua passagem não é o álcool mas sim a paixão com que te consome...
O chá... degusta-se (quase) sempre quente independentemente da estação do ano.
O champanhe frio, que transpira os trajes que veste (e despe!) mantém-se intacto, tal como o amor que transmitem as pontas dos teus dedos, ou não fosse chempanhe! ;))


Um beijo sem seda.

Pearl disse...

Passar tempo (nem que seja mental) com alguem especial é sempre bom, é sempre retemperador de desiquilibrios que causamos a nós mesmos!
Escrever sobre esses momentos é eterniza-los se são merecedores de vida então escreve...escreve muito!

beijo

Luna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Fantasma e o Anjo disse...

...beijo e abraço...

Silk disse...

attitude problem,
Obrigado pelas tuas palavras. Apenas te enganaste no Whisky.

Beijo de seda.

Silk disse...

Pearl
Tempo mental seja lá o que for parece-me bem. Desequilíbrios eu não sinto, que idade tens isso não será Alzeihmer?

Beijo de seda.

Silk disse...

Luna
Ainda bem que gostas da prosa, poesia está para breve, procuro a inspiração certa.

Beijo de seda.

Silk disse...

fantasma
Assombras-me....

anjo
Sinto o teu esvoaçar como uma brisa de pureza.

Obrigado pelo beijo e abraço,

Beijo de seda.

Vou-te(vos?) visitar.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.