domingo, 9 de novembro de 2008

Bruxinha

Acordei estremunhado e procurei em volta sinais de ti que não tenho, nunca tive. Hoje fazes anos imagino os dois patinhos e pergunto-me se tens essa imagem também, é agradável e condiz com o teu sorriso que procuro constantemente nas fotografias que me deste. Reconstruo memórias que (ainda) não temos e penso com vontade como gostava que se tornassem realidade os sonhos que construímos nas nossas conversas quando aconchegamos com carinho os dias em que precisas de colo e mimo.


Leio-te e imagino-te de olhos semi-cerrados tentando disfarçar o desejo que noto a palpitar no teu corpo à procura da descoberta. Devia ter-te procurado ontem, olhar-te-ia ao longe e deixaria gelar no meu peito a sensação de estares tão perto mas de ter de esperar para chegar junto a ti e sorver o teu perfume, sentir a tua voz, entender o teu encanto e a forma como ele se espalhará através da beleza que irradias em sorrisos incontroláveis.


Continuo de olhos fechados a imaginar-te, hoje fazes anos e preciso de chegar até ti e que saibas que me lembrei do dia e que só por um triz não tens de explicar um ramo de flores em tons vermelhos de paixão acompanhado por um cartão de palavras mornas, em fila, à espera do calor do teu corpo para se revelarem.


Sempre de olhos fechados, imagino abri-los para ver surgir o teu rosto radiante sobre o meu. Sinto o calor do corpo que se vai pousando sobre o meu, a aproximar-se. Ergo as minhas mãos e amparo o teu corpo que me parece estremecer de antecipação. Recuso o beijo leve que me diriges, faço-te procurar-me recorrendo a toda a tua energia. Contenho os teus movimentos esperados e estimulo aqueles para que te sentes menos preparada numa absorção ao contrário que é a minha forma de interpretar essa tua definição. Introduzo as minhas mãos por baixo da tua roupa e procuro descontrair-te dos estragos das ultimas pressões de trabalho, percorro a tua pele ao de leve com a ponta dos dedos, paras a movimentação suave que ias fazendo e ficas sob tensão muscular deglutindo a minha movimentação. Pareces não notar quando te ergo no ar e, rodando sobre mim, te pouso quase suavemente ao meu lado, para continuar a acariciar-te no silêncio que, já havíamos previsto, se instalaria quando os sentimentos tomassem conta da imaginação.


Sussurro-te ao ouvido coisas inesperadas que só tu me podes inspirar e aprecio o teu sorriso de prazer meio adormecido. Esquecida da presença do meu corpo apenas pensas em ti. Hipnotizo-te com essa mistura de silêncios toques de dedos misturados com o aflorar dos lábios sobre todos os centímetros da tua pele, mesmo aqueles que tentas proteger com gestos de pudor acabados de inventar. Uma pena, formada pela ponta da língua que te percorre arranca os primeiros sons de prazer e os gestos inconscientes aumentam de amplitude. Guardo o estalar de dedos com que te irei despertar desse limbo de primeira vez que pretende substituir as tuas mais lamentáveis recordações.


Abri os olhos e continuei a sentir-te chegar calmamente à tua velocidade que procuro entender. Não tenho a certeza se sonhei, cheiro ao teu beijo que não conheço mas pelo qual anseio em ondas de imaginação que instigas delicadamente nas minhas tardes.


Parabéns.

2 comentários:

O Fantasma e o Anjo disse...

Lindo!!!
beijo e abraço

Luna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.