Não sou um gajo ciumento nem possessivo. Congratulo-me por saber separar sexo de amor e não sou egoísta ao ponto de vedar a realização dos sonhos dos outros quando colidem com tabús ou conceitos instalados.
Vou contar uma história que o prova e é suficientemente antiga para nenhum dos envolvidos poder vir a ser embaraçado, aliás a distância entre todos nós é demasiada, tão grande que não sei dela há muitos anos. Ele ligou-me hoje do estrangeiro, continuamos amigos, já não falávamos há alguns meses depois de um período de anos de desencontro. Ainda me recordo quando uma amiga minha me fez soar a campainha da diferença entre emoções e sentimentos, algo que sabia que existia mas sobre o qual nunca havia sentido necessidade de sintetizar em palavras.
Vinha de fora, chegava ao fim da tarde e tinha ficado de o encontrar nas
chegadas do aeroporto. Pela hora prevista calculava que conseguisse chegar a horas sem ter de sair mais cedo, com um pouco de sorte ainda iria buscar a minha companheira ao trabalho a caminho do aeroporto.
Tinha planeado tudo de forma displicente sem grande necessidade de rigor, não via o meu amigo há muito tempo mas estava à vontade com ele como se nos tivéssemos despedido há poucas horas. Assim iríamos jantar no Bairro Alto, matar saudades dos sítios que havíamos frequentado uns anos antes, beber um copo, matar a conversa, e depois recolher a casa que hoje foi dia de trabalho e amanhã sê-lo-à também.
Saí mesmo na hora e enfiei-me no carro na zona do
Marquês meti-me no trânsito a caminho do Saldanha, não havia telemóveis e tinha combinado com a E que a apanharia à saída. Estávamos juntos há cerca de três anos e ela não conhecia o meu amigo F. Pelo caminho contei-lhe sobre esta amizade, sobre a forma como uma vez tínhamos feito um concurso com duas amigas, elas de olhos vendados, para acabar de vez com a discussão sobre quem fazia o melhor minete. Sobre as aventuras ao volante de velhas máquinas de quatro rodas e os acidentes em que nos envolvemos algumas vezes. Sobre as disputas desportivas nas cenas radicais em que nos envolvíamos. E sobre a mulher do futebolista que na altura fazia favores alternadamente aos dois. Quando ele se casou e comecei a ter por companhia as amigas da mulher e das duas vezes em que acabámos os quatro enfiados nos mesmos espaços a fornicar. Essa época trazia saudades porque seria? Não confessei isto à E mas ela deve ter percebido pelo entusiasmo com que relatei alguns pormenores.
Chegamos ao aeroporto estacionei o carro no parque das
partidas e atravessàmos o lobby até à zona das
chegadas procurei informação, o voo tinha chegado há dez minutos. O F tinha-se separado recentemente e sendo militar de carreira estava desde então a viver nas instalações militares nas ilhas. Vinha a Lisboa resolver questões familiares, estava de férias, e esperava que lhe tivesse reservado quarto num hotel, o que não fiz.
Com um pequeno atraso sobre o previsto o meu amigo surgiu finalmente junto a nós com o mesmo sorriso habitual e abraçámo-nos com força.
E um metro afastada sorria abertamente e aguardava as apresentações. Corremos praticamente pelo átrio fora até ao carro e depois para o restaurante onde tínhamos a reserva.
Encontrámos amigos, bebemos, comemos, rímos, falámos alto e falámos baixo de outras coisas que recordavamos mas que mereciam conntenção. Por fim dançámos ao som de música variada, alternámos de par e decidimos sair dali. Descemos a rua e entrámos num pequeno bar sossegado mas com pista de dança na sala ao lado, onde ficámos mais um pouco a conversar. Eu bebi café porque ainda tinha de guiar, a
E pediu um
screw driver e o F um
straight whiskey. Estavamos sentados num banco corrido muito apertado e falavamos de tudo. Os três éramos já cúmplices de conversa e o álccol começava a soltar alguma imaginação mal contida. Conhecia algumas fantasias de
E e sabia que neste momento lhe deviam estar a fervilhar no peito, na cabeça e principalmente entre as pernas porque notava a forma como as comprimia e massajava uma contra a outra. Olhei o meu amigo
F e imaginei-os aos dois, depois incluí-me a mim próprio na receita. Avaliei os estragos que aquela
ménage que
parecia estar a esboçar-se poderia provocar na minha relação com
E. Achei que íamos sobreviver e talvez até ficar mais fortes, a cena em si excitava-me e estava longe de ser novidade.
Apertei mais
E contra o meu amigo deixei-os acabar a bebida e perguntei: "vamos dançar?" Levantámo-nos e dirigimo-nos à pista onde dançámos em conjunto mas separados, ao primeiro sinal de música lenta discretamente, como se estivessemos numa timida brincadeira, encostámo-nos em trio,
E no meio
F de frente para ela e eu procurei um cómodo encaixe por detrás. As minhas coxas acompanhavam o movimento das dela, coladas, numa sensação conhecida que encontrava a oposição inesperada do peso de uma outra perna no fim do movimento funcionando como uma prensa humana. Estavamos a começar a tornar-nos motivo de interesse e sem palavras saímos.
Já na rua caminhámos em silêncio num passo falsamente sem pressa. Quando estavamos a chegar próximo do carro,
E, ao meio, aceitou uma mão de cada lado sem olhar e seguímos aquela centena de metros em silêncio.
Entrámos no carro,
E sentada atrás, esticou-se e colocou-se entre os bancos da frente um braço de cada lado, convidei-a para um beijo que recebi longo e desejoso os seus olhos tentavam perceber o que aconteceria a seguir enquanto o seu rosto se afastava. Ao de leve sequei-lhe os lábios e conduzi o seu rosto na direcção oposta. Afastei o olhar enquanto arrancava com o carro mas tive a ligeira impressão que aquele segundo beijo tinha sido mais longo que o meu, senti uma sensação estranha e nova.
Chegámos a casa, pousámos bagagens na entrada, a porta do quarto de hóspedes aberta e a cama preparada fizeram-me pensar que nada daquilo iria ser necessário. Como se não se passasse nada dirigimo-nos à sala e espalhámo-nos pelos sofás,
E pediu desculpa e saíu,
F olhou-me e esboçou um sorriso que retirou ainda antes de se ter declarado. Eu estava bastante hesitante quanto a isto, levantei-me e fui à cozinha preparar um café
E espreitou-me da entrada e disse: "vai fazer companhia ao teu amigo que eu levo o café". Não me disse mais nada, ela estava decidida, quis acreditar que estava magoada com as histórias que lhe contara e tomara a decisão de se vingar. Qual quê, contradisse-me mentalmente, ela está mas é desejosa da experiência e a culpa é minha.
Sentei-me na sala no sofá individual colocado num ângulo de 90º com o sofá duplo onde
F se tinha sentado. Falavamos de pequenas trivialidades e olhavamo-nos de forma persistente. No centro uma mesa grande quadrada de vidro e bambú.
Após poucos minutos, imponente,
E surge na sala, lentamente, bandeja com o café e todos os apetrechos inerentes ao ritual, pequeno avental cobria-lhe o peito nú, por baixo cueca fio dental meia de nylon e cinto de ligas, salto alto. Veio direita a mim e inclinou-se para pousar o café deixando o melhor do espectáculo para o forasteiro que estava por detrás. Depois virou-me aquele rabo bem familiar e inclinou-se para pousar o outro café. O seu peito arfava de forma nervosa, pousou o tabuleiro na mesa e sentou-se entre os dois. Não olhava para o lado e fingia-se absorvida pelo cuidado em não entornar o liquido. Pousei o café, peguei na mão dela e introduzi-a sob o meu sexo massajando por cima da roupa durante uns instantes assim fez, depois virou-se para o outro lado e imitou o movimento em
F. Soltei-lhe então a mão e levantei-me, comecei a tirar a roupa enquanto ao meu lado o meu amigo acariciava o corpo de
E, pernas e peito e nádegas, as suas mãos exploravam ávidamente todos os centímetros de pele que se lhe ofereciam.
E não se fazia rogada e já tinha na sua mão o sexo do meu amigo que massajava e observava com curiosidade, aproximei-me de lado e procurei a cena clássica de filme porno, atraí-lhe a atenção e introduzi-me na sua boca para acabar de vez com o pouco gelo e as hesitações parvas que nesta fase já não se justificavam.
(esta narração não acaba aqui...)