sexta-feira, 14 de novembro de 2008

SMS

Aguardo
a tua mensagem
i-n-e-s-p-e-r-a-d-a
a-n-ó-n-i-m-a
que me diga
liga-me
a-g-o-r-a

adivinhas-me o pensamento?
Pressentes-me à espera?

sabes,
Por ti vou inventar
o espaço que preciso
para ficarmos a sós,
com as palavras
da descoberta, quase
a
transformarem-se
no
silêncio em que não precisamos
de nos esconder.


(porque quando perco o contacto contigo, não sei como reatar)


domingo, 9 de novembro de 2008

Bruxinha

Acordei estremunhado e procurei em volta sinais de ti que não tenho, nunca tive. Hoje fazes anos imagino os dois patinhos e pergunto-me se tens essa imagem também, é agradável e condiz com o teu sorriso que procuro constantemente nas fotografias que me deste. Reconstruo memórias que (ainda) não temos e penso com vontade como gostava que se tornassem realidade os sonhos que construímos nas nossas conversas quando aconchegamos com carinho os dias em que precisas de colo e mimo.


Leio-te e imagino-te de olhos semi-cerrados tentando disfarçar o desejo que noto a palpitar no teu corpo à procura da descoberta. Devia ter-te procurado ontem, olhar-te-ia ao longe e deixaria gelar no meu peito a sensação de estares tão perto mas de ter de esperar para chegar junto a ti e sorver o teu perfume, sentir a tua voz, entender o teu encanto e a forma como ele se espalhará através da beleza que irradias em sorrisos incontroláveis.


Continuo de olhos fechados a imaginar-te, hoje fazes anos e preciso de chegar até ti e que saibas que me lembrei do dia e que só por um triz não tens de explicar um ramo de flores em tons vermelhos de paixão acompanhado por um cartão de palavras mornas, em fila, à espera do calor do teu corpo para se revelarem.


Sempre de olhos fechados, imagino abri-los para ver surgir o teu rosto radiante sobre o meu. Sinto o calor do corpo que se vai pousando sobre o meu, a aproximar-se. Ergo as minhas mãos e amparo o teu corpo que me parece estremecer de antecipação. Recuso o beijo leve que me diriges, faço-te procurar-me recorrendo a toda a tua energia. Contenho os teus movimentos esperados e estimulo aqueles para que te sentes menos preparada numa absorção ao contrário que é a minha forma de interpretar essa tua definição. Introduzo as minhas mãos por baixo da tua roupa e procuro descontrair-te dos estragos das ultimas pressões de trabalho, percorro a tua pele ao de leve com a ponta dos dedos, paras a movimentação suave que ias fazendo e ficas sob tensão muscular deglutindo a minha movimentação. Pareces não notar quando te ergo no ar e, rodando sobre mim, te pouso quase suavemente ao meu lado, para continuar a acariciar-te no silêncio que, já havíamos previsto, se instalaria quando os sentimentos tomassem conta da imaginação.


Sussurro-te ao ouvido coisas inesperadas que só tu me podes inspirar e aprecio o teu sorriso de prazer meio adormecido. Esquecida da presença do meu corpo apenas pensas em ti. Hipnotizo-te com essa mistura de silêncios toques de dedos misturados com o aflorar dos lábios sobre todos os centímetros da tua pele, mesmo aqueles que tentas proteger com gestos de pudor acabados de inventar. Uma pena, formada pela ponta da língua que te percorre arranca os primeiros sons de prazer e os gestos inconscientes aumentam de amplitude. Guardo o estalar de dedos com que te irei despertar desse limbo de primeira vez que pretende substituir as tuas mais lamentáveis recordações.


Abri os olhos e continuei a sentir-te chegar calmamente à tua velocidade que procuro entender. Não tenho a certeza se sonhei, cheiro ao teu beijo que não conheço mas pelo qual anseio em ondas de imaginação que instigas delicadamente nas minhas tardes.


Parabéns.

domingo, 2 de novembro de 2008

Seda

Prometi que te escreveria. Sentei-me calmamente de papel na mão ao sol da tarde no alpendre da minha casa virado a oeste. Gosto de escrever sob papel, riscar, escrever por cima, dar erros que sei vou corrigir depois e principalmente sorrir com a consciência de que vou alterar tudo ao passar para o computador. Sob a mesa um café quente, um Whisky puro espera a sua vez para não ter de me levantar, interromper, quando a caneta começar a correr pelo papel. Música escolhi a que me enviaste naquele dia em que estavas menos bem.
No meu novo MAC o Picasa passa em diaporama as tuas fotos, que juntei com cuidado numa pasta com o teu nome, separada de todas as outras pastas com nomes de mulheres. O teu nome mas não todo, apenas aquele que preferes, também o aprovo, gosto, é biblico, fica-te bem.

Revejo mentalmente o que sei de ti, é pouco mas diz muito e principalmente deixa tanto por dizer e por contar. Mentalmente fixo a tua foto, por mim eleita a melhor, e tento imaginar-te no teu dia a dia altruísta que fascina e surpreende. Tento entrar na tua mente mas não consigo, faltam-me ligações, o teu olhar nas fotos não tem reflexos e falta-me a tua voz com a qual pretendo substituir a música de fundo dos sonhos para onde arrasto constantemente a tua imagem.

Pego na tua foto e recorto-a. Faço recortes com as nossas conversas, velas, colo, lareira, costas frias, pentear-te com um sopro, o chá quente e o champanhe frio, o brilho nos olhos ou a pele que brilha de felicidade... Aprendiza, saboreada arrepiada. A lareira que acendes com as palavras e te aconchega a imaginação. Olho-te e não ofereço resistência à paixão que me chama, preparo o colo para te merecer, desembrulho uma manta de lã para proteger as tuas costas nuas, onde desenharei com as pontas dos dedos durante horas, em silêncio, enquanto sorris de prazer e me esperas até à impaciência dos sentidos.

Ao fundo o mar faz um ruído especial que me desperta da prosa com que me aproximo de ti. Espera até que comece a escrever-te a poesia que me inspiras. Se o fizer prometes que fechas os olhos ao caminhar no escuro?