segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ménage


Não sou um gajo ciumento nem possessivo. Congratulo-me por saber separar sexo de amor e não sou egoísta ao ponto de vedar a realização dos sonhos dos outros quando colidem com tabús ou conceitos instalados.
Vou contar uma história que o prova e é suficientemente antiga para nenhum dos envolvidos poder vir a ser embaraçado, aliás a distância entre todos nós é demasiada, tão grande que não sei dela há muitos anos. Ele ligou-me hoje do estrangeiro, continuamos amigos, já não falávamos há alguns meses depois de um período de anos de desencontro. Ainda me recordo quando uma amiga minha me fez soar a campainha da diferença entre emoções e sentimentos, algo que sabia que existia mas sobre o qual nunca havia sentido necessidade de sintetizar em palavras.

Vinha de fora, chegava ao fim da tarde e tinha ficado de o encontrar nas chegadas do aeroporto. Pela hora prevista calculava que conseguisse chegar a horas sem ter de sair mais cedo, com um pouco de sorte ainda iria buscar a minha companheira ao trabalho a caminho do aeroporto.
Tinha planeado tudo de forma displicente sem grande necessidade de rigor, não via o meu amigo há muito tempo mas estava à vontade com ele como se nos tivéssemos despedido há poucas horas. Assim iríamos jantar no Bairro Alto, matar saudades dos sítios que havíamos frequentado uns anos antes, beber um copo, matar a conversa, e depois recolher a casa que hoje foi dia de trabalho e amanhã sê-lo-à também.
Saí mesmo na hora e enfiei-me no carro na zona do Marquês meti-me no trânsito a caminho do Saldanha, não havia telemóveis e tinha combinado com a E que a apanharia à saída. Estávamos juntos há cerca de três anos e ela não conhecia o meu amigo F. Pelo caminho contei-lhe sobre esta amizade, sobre a forma como uma vez tínhamos feito um concurso com duas amigas, elas de olhos vendados, para acabar de vez com a discussão sobre quem fazia o melhor minete. Sobre as aventuras ao volante de velhas máquinas de quatro rodas e os acidentes em que nos envolvemos algumas vezes. Sobre as disputas desportivas nas cenas radicais em que nos envolvíamos. E sobre a mulher do futebolista que na altura fazia favores alternadamente aos dois. Quando ele se casou e comecei a ter por companhia as amigas da mulher e das duas vezes em que acabámos os quatro enfiados nos mesmos espaços a fornicar. Essa época trazia saudades porque seria? Não confessei isto à E mas ela deve ter percebido pelo entusiasmo com que relatei alguns pormenores.

Chegamos ao aeroporto estacionei o carro no parque das partidas e atravessàmos o lobby até à zona das chegadas procurei informação, o voo tinha chegado há dez minutos. O F tinha-se separado recentemente e sendo militar de carreira estava desde então a viver nas instalações militares nas ilhas. Vinha a Lisboa resolver questões familiares, estava de férias, e esperava que lhe tivesse reservado quarto num hotel, o que não fiz.


Com um pequeno atraso sobre o previsto o meu amigo surgiu finalmente junto a nós com o mesmo sorriso habitual e abraçámo-nos com força. E um metro afastada sorria abertamente e aguardava as apresentações. Corremos praticamente pelo átrio fora até ao carro e depois para o restaurante onde tínhamos a reserva.

Encontrámos amigos, bebemos, comemos, rímos, falámos alto e falámos baixo de outras coisas que recordavamos mas que mereciam conntenção. Por fim dançámos ao som de música variada, alternámos de par e decidimos sair dali. Descemos a rua e entrámos num pequeno bar sossegado mas com pista de dança na sala ao lado, onde ficámos mais um pouco a conversar. Eu bebi café porque ainda tinha de guiar, a E pediu um screw driver e o F um straight whiskey. Estavamos sentados num banco corrido muito apertado e falavamos de tudo. Os três éramos já cúmplices de conversa e o álccol começava a soltar alguma imaginação mal contida. Conhecia algumas fantasias de E e sabia que neste momento lhe deviam estar a fervilhar no peito, na cabeça e principalmente entre as pernas porque notava a forma como as comprimia e massajava uma contra a outra. Olhei o meu amigo F e imaginei-os aos dois, depois incluí-me a mim próprio na receita. Avaliei os estragos que aquela ménage que parecia estar a esboçar-se poderia provocar na minha relação com E. Achei que íamos sobreviver e talvez até ficar mais fortes, a cena em si excitava-me e estava longe de ser novidade.
Apertei mais E contra o meu amigo deixei-os acabar a bebida e perguntei: "vamos dançar?" Levantámo-nos e dirigimo-nos à pista onde dançámos em conjunto mas separados, ao primeiro sinal de música lenta discretamente, como se estivessemos numa timida brincadeira, encostámo-nos em trio, E no meio F de frente para ela e eu procurei um cómodo encaixe por detrás. As minhas coxas acompanhavam o movimento das dela, coladas, numa sensação conhecida que encontrava a oposição inesperada do peso de uma outra perna no fim do movimento funcionando como uma prensa humana. Estavamos a começar a tornar-nos motivo de interesse e sem palavras saímos.
Já na rua caminhámos em silêncio num passo falsamente sem pressa. Quando estavamos a chegar próximo do carro, E, ao meio, aceitou uma mão de cada lado sem olhar e seguímos aquela centena de metros em silêncio.
Entrámos no carro, E sentada atrás, esticou-se e colocou-se entre os bancos da frente um braço de cada lado, convidei-a para um beijo que recebi longo e desejoso os seus olhos tentavam perceber o que aconteceria a seguir enquanto o seu rosto se afastava. Ao de leve sequei-lhe os lábios e conduzi o seu rosto na direcção oposta. Afastei o olhar enquanto arrancava com o carro mas tive a ligeira impressão que aquele segundo beijo tinha sido mais longo que o meu, senti uma sensação estranha e nova.
Chegámos a casa, pousámos bagagens na entrada, a porta do quarto de hóspedes aberta e a cama preparada fizeram-me pensar que nada daquilo iria ser necessário. Como se não se passasse nada dirigimo-nos à sala e espalhámo-nos pelos sofás, E pediu desculpa e saíu, F olhou-me e esboçou um sorriso que retirou ainda antes de se ter declarado. Eu estava bastante hesitante quanto a isto, levantei-me e fui à cozinha preparar um café E espreitou-me da entrada e disse: "vai fazer companhia ao teu amigo que eu levo o café". Não me disse mais nada, ela estava decidida, quis acreditar que estava magoada com as histórias que lhe contara e tomara a decisão de se vingar. Qual quê, contradisse-me mentalmente, ela está mas é desejosa da experiência e a culpa é minha.
Sentei-me na sala no sofá individual colocado num ângulo de 90º com o sofá duplo onde F se tinha sentado. Falavamos de pequenas trivialidades e olhavamo-nos de forma persistente. No centro uma mesa grande quadrada de vidro e bambú.
Após poucos minutos, imponente, E surge na sala, lentamente, bandeja com o café e todos os apetrechos inerentes ao ritual, pequeno avental cobria-lhe o peito nú, por baixo cueca fio dental meia de nylon e cinto de ligas, salto alto. Veio direita a mim e inclinou-se para pousar o café deixando o melhor do espectáculo para o forasteiro que estava por detrás. Depois virou-me aquele rabo bem familiar e inclinou-se para pousar o outro café. O seu peito arfava de forma nervosa, pousou o tabuleiro na mesa e sentou-se entre os dois. Não olhava para o lado e fingia-se absorvida pelo cuidado em não entornar o liquido. Pousei o café, peguei na mão dela e introduzi-a sob o meu sexo massajando por cima da roupa durante uns instantes assim fez, depois virou-se para o outro lado e imitou o movimento em F. Soltei-lhe então a mão e levantei-me, comecei a tirar a roupa enquanto ao meu lado o meu amigo acariciava o corpo de E, pernas e peito e nádegas, as suas mãos exploravam ávidamente todos os centímetros de pele que se lhe ofereciam. E não se fazia rogada e já tinha na sua mão o sexo do meu amigo que massajava e observava com curiosidade, aproximei-me de lado e procurei a cena clássica de filme porno, atraí-lhe a atenção e introduzi-me na sua boca para acabar de vez com o pouco gelo e as hesitações parvas que nesta fase já não se justificavam.

(esta narração não acaba aqui...)



domingo, 28 de setembro de 2008

Tripaliare

Arrasto-a pelo corredor daquele hotel, arrasto-a é uma forma de expressão porque seguimos lado a lado, descontraídos mas ao mesmo tempo muito tensos.
Estamos há muito sem nos tocarmos e isso gera entre nós uma tensão muito forte, perceptível nas pequenas descargas eléctricas de sinal contrário que se soltam entre nós, com um ligeiro estalido, quando nos tocamos ao de leve.
Mal me aproximei fiquei com uma tesão monumental, é uma característica por vezes embaraçosa do nosso relacionamento. Desde sempre, não consigo aproximar-me sem que fique logo em ponto. Basta o seu olhar o seu sorrir um movimento dos seus lábios, uma palavra sem intenção.
Assim desfilava ao seu lado, assim esperei o que me pareceu uma eternidade pela chave do quarto.
Mal entrámos fechei a porta, abordei-a por trás e segurei-a pela anca, prendi-a sem lhe permitir mover-se. Tentou, teria conseguido com facilidade se fosse essa a sua vontade, mas eu contava que ela se deixasse conduzir ao sabor do imprevisto, da minha vontade, o que aconteceu.
Levantei-lhe a saia correndo as mãos ao longo das suas pernas com uma pressão muito forte, ansiosa, abrasiva que deixava uma impressão de calor tal a intensidade da fricção. Não ficou um centímetro de pele por percorrer. Continuei o movimento pelo seu corpo acima forçando a passagem pela cintura mais apertada pelas roupas, um ligeiro protesto e uma ajuda para facilitar o percurso das mãos quando houve o risco de rasgar os trapos.
Empurrei-a com cuidado para a esquina da cama, abri-lhe as pernas por detrás e entrei nela sem cerimónia nem hesitação, mexi-me ligeiramente para os lados enquanto a percorria desde completamente fora até ao mais fundo do seu corpo onde me sentia comprimido contra o seu limite, que a continuar assim, não o seria durante muito tempo mais.
E continuei detendo-me conscientemente à entrada do seu corpo tocando-a ao de leve num movimento que a fazia reagir e entrando profundamente até sentir que me tornava doloroso e lhe interrompia o prazer, parando dentro dela e provocando movimentos laterais dos dois corpos unidos o que aumentava o contacto e fricção do movimento de vai-e-vem. Parava sempre que me parecia que ela se começava a vir e recomeçava de seguida.
Quando senti que estava quase no meu limite, uns segundos antes de despejar a descarga, saí dela, aproveitei a interrupção para me conter, demorei-me de propósito no movimento com que a virei para mim e beijei-a até lhe faltar o fôlego de forma a equilibrar com o meu, o seu próprio desgaste.
Segurei-a na posição do beijo e entrei na boca dela, não sem antes denunciar a minha intenção para lhe dar margem para o evitar, o que não fez. Massajei-me lenta mas sofregamente no seu céu da boca comprimido pela língua que denunciava a sua experiência de outras batalhas e desci o mais fundo que pude pela sua goela que quase me albergou por completo.
Estávamos ambos a explodir de luxuria num completo descontrole.
Sempre sem palavras voltei a interromper a posição quando senti que me estava quase a vir, tentou prender-me com a sua máquina de sugar mas enfiei-lhe um dedo junto com o sexo e descolei-me à força sem causar estragos.
Sempre em silêncio, apenas tendo por fundo o ruído das respirações e os gemidos ocasionais da minha companheira, voltei a usar o percurso para prolongar o prazer e atestar o acumulador. Virei-a de novo, deixou-se guiar docemente, estava de novo virada de costas. Colocada confortavelmente com uma perna de cada lado da esquina ao fundo da cama, pernas esticadas, empurrei-lhe as costas com uma pressão da mão até ficar com o rabo bem empinado e iniciei uma penetração anal quase fácil.
Ligeira oposição no ultrapassar da primeira fronteira daquele apertado anel, pouco usado, depois mais à vontade no percurso restante que usei a belo prazer de ambos, empurrando-me num vai -e-vém comandado pela cadência dos seus gemidos. Havia iniciado a minha amiga naquele tipo de prazer que sempre usava de forma criteriosa para não moldar excessivamente aquela parte do seu corpo ao meu próprio e conhecia bem todos os recantos que encontrava no seu interior, procurei-a bem fundo onde gostava de ser inundada, esperei pelo momento dela e dei-lhe a sua recompensa balsâmica.
Recompensa merecida, pela forma como libertou de uma assentada toda a energia do meu corpo que se abateu suavemente sobre ela, inerte e vencido.

sábado, 20 de setembro de 2008

Prosaico


Andas muito prosaico. Ai de mim que tinha de ouvir aquela observação que me inocentava das grandes maldades que fazíamos a sós, mas ao mesmo tempo era, ou soava, a uma reclamação pelo abrandar da luxúria de que nos havíamos coberto durante tanto tempo. Relaxei, engoli um sorriso, não me queria arriscar a que de repente percebesses que me fazias sorrir quando achavas que me irias irritar. Não podia deixar de me auto-elogiar por resistir às tuas provocações, afinal tinha aprendido muito contigo sobre comportamento animal e estava a pô-lo em prática, devias sorrir também, se soubesses, ainda bem que não sabes.

Recostado revi o ultimo quadro vivo com que tenho ocupado a imaginação nos últimos dias. Aquela cena excitante que começou com um telefonema inocente. Depois de alguma conversa que durou uns dias, uma semana talvez, havíamo-nos encontrado para almoçar. Nesse dia eu estava especialmente mal inspirado, normalmente costumo estar sempre com disponibilidade a cem por cento para tudo, mas também há dias em que nada me corre bem. Devia ter dito que ficava para outro dia, desculpar-me, qualquer coisa, mas decidi ao invés investir na reviravolta. Conhecia-te e sabia que quando estivesses à minha frente a inspiração me iria inundar, apostei nisso mesmo.
Asneira a minha cheguei demasiado cedo, a espera enervou-me. Pelo menos a minha amiga P chegou pontualíssima. Estávamos ao telefone desde que me aproximei da porta do trabalho dela, e acompanhava-a enquanto se despedia dos colegas e da patroa: "até já bom apetite, bom almoço" ouvia-a trocar com as pessoas com quem se cruzava, nos intervalos sussurrava-me mimos: "aguentas-te?" perguntava-me. Quando lhe disse a minha idade havia comentado "durmo todos os dias com um da tua idade", não pude deixar de relacionar as duas coisas e pensei para comigo "o marido não se aguenta....". Belo.
Prefiro quando elas têm um motivo, mas prefiro pressentir quando é apenas luxúria. Impotência do marido não é a recomendação ideal, pode sempre significar que a culpa é dela. Cobri os pensamentos com um jingle dos tempos da escola e cantei para mim mesmo "uma dá-se a todas, duas a algumas....". Depois o sentido do dever fez-me muitas vezes ou quase sempre durante uma época, estar na cama para ser perfeito para elas. Mais tarde descobri , quase por acidente que era quando me preocupava só comigo que conseguia a maior taxa de sucesso. Adoptei essa técnica facilitista com o tempo, o que me vale por vezes o epíteto de porco ou de tarado. A minha lindíssima amiga entretanto corria pelo passeio direita ao carro, casaco debaixo do braço, camisa e calças justíssimas e acetinadas, decote ideal, botas de salto alto, cabelo negro comprido e bem tratado. Nada falha nesta mulher, nem o sorriso, nem a forma como me manteve à distância durante duas horas.
Entrou no carro sentou-se e senti o macio tépido e pegajoso dos seus lábios pela primeira vez. Na altura não me apercebi ou simplesmente estava longe de pensar que iria ficar dependente daquela sensação. As nossas conversas tinham-me levado a trazer-lhe um presente especial que aguardava no assento ao meu lado. Ao entrar retirei o cuidadoso embrulho que depois lhe repousei nas pernas comprimidas dentro das finas e cintadas calças pretas e acetinadas. Orientou-me pelas ruas da cidade até ao local recomendado para este almoço meio social. Ofereceu-se para conduzir caso não me sentisse à vontade no trânsito o que aceitei com um sorriso enquanto lhe agradecia por ficar com as mãos livres, recuou de imediato num falso pudor porque a minha mão vinha desde o inicio acariciando a sua coxa de forma muito irrequieta.
Este primeiro contacto correu dentro das limitações de um maldito dia sem inspiração que deixou muita coisa por tratar. Na despedida um beijo de fugida uma mão que a prendeu até à promessa de uma repetição deste dia.

Volto ao telefonema inocente do principio desta história e ao quadro vivo.


Na sequência deste dia em que me arrependi de coisas por não as ter feito, decidi pressioná-la o mais possível para repetir a situação. Três dias depois estaríamos de novo desta vez a tomar o pequeno almoço juntos. A conversa ia bastante adiantada a havíamos deixado cair os disfarces, era como se, desistindo da inocência, decidíssemos ir direitos ao que ambos estávamos a pensar. A certa altura da conversa em que acertávamos horas, ela comentou com malícia que aquela hora da manhã "só se fosse para beber um leite morno", de brejeirice em brejeirice, anunciei que "aquela hora a vaca ainda não tinha pegado ao serviço" e, conversa puxa conversa, falávamos abertamente de fellacio e cunnilingus ou se preferirem de broche e minete, à mistura com todo o tipo de considerações em torno de trocas de fluidos.
Estava lançada a tensão sob o momento e iniciava-se com esta conversa um enlaçar de pernas e corpos que teria continuação no momento em que viéssemos a unir-nos, pele com pele. Acredito que uma parte do prazer começa na antecipação, na célebre viagem que nos conduz até ao clímax, por isso posso adiantar que nesta fase iniciei o meu orgasmo, comecei a vir-me. Tentei partilhar essa sensação com a minha nova parceira, quem sabe marcaria a diferença...

Naquela manhã convergimos para o local planeado, voltei a chegar adiantado e sentei-me com um café à frente. Escolhi uma mesa discreta num recanto do local. Havíamos escolhido o sitio em função da descrição porque sabíamos que se havia esgotado o tempo do defeso e iríamos começar ali mesmo a descobrir-nos. A esplanada exterior, ficava frente à montra ampla mas prolongava-se lateralmente até uns pilares que formavam as arcadas dos prédios vizinhos. Tinha estacionado o carro num local discreto, estratégico, prevendo qualquer situação de emergência que não viria a acontecer. A P chegou a horas, pontualíssima, como sempre havíamos feito o trajecto do encontro em permanente contacto telefónico, fomos falando e trocando promessas até ao momento em que estabelecemos contacto visual, mesmo depois continuámos de telefone ligado e assim nos mantivemos já depois de darmos as mãos (naquele momento comecei a suspeitar que havia ali algo de mais...) . Escolhemos o momento em que trocávamos uma das nossas promessas habituais ao telefone para desligar e passar das palavras aos actos. Ao vê-la aproximar-se de telefone na mão, havia-me levantado e removido as cadeiras que estavam na sua trajectória, não me desloquei ao seu encontro para me manter na relativa descrição daquele recanto. Aguardei-a de pé, alimentando a conversa enquanto completava com um olhar fixo cada palavra que dirigia. Por fim frente a frente, mão com mão, continuámos breves segundos a conversa como se estivéssemos distantes: "como estás vestida?" "Quem me dera estivesses aqui, está-me a apetecer beijar", "neste momento não me chegam as palavras", "agora fazia amor contigo".... Pousámos os telefones, trocámos algumas frases, promessas, em silêncio e iniciámos um beijo exploratório que durante algum tempo nos fez abstrair do local em que nos encontrávamos.
Este pequeno almoço, sem apetite e relegado para papel secundário, decorreu num ambiente do mais completo e encarniçado apelo sexual. Sentados lado a lado fomos sempre explorando todo o tipo de toques que a situação permitia. Um pouco mais e seríamos presos por atentado ao pudor. Beijos, toques e carícias, a torrada......fria.
A mão dela estava há muito no meio das minhas pernas enquanto a minha havia subido perscrutadora pelo joelho e sido detida na convergência das coxas, pela pressão destas, uma contra a outra. Aguardava um aliviar desse esforço que, sem dar demasiado nas vistas, me permitisse continuar a exploração iniciada. Não podíamos continuar ali por mais tempo, precisávamos de nos refugiar num local que nos permitisse continuar, o nosso tempo estava a acabar mas neste momento era bastante secundária essa preocupação e não podíamos deixar de concluir o que tínhamos começado. Um pequeno reconhecimento do terreno feito de soslaio à chegada revelava um cenário com que nos havíamos exercitado e excitado, uns dias antes numa cena imaginária. Fiz-lhe sinal para não falar, levantei-me, paguei a conta, regressei à mesa onde ela havia recolhido os nossos casacos que segurava dobrados sobre o braço e me aguardava de pé com um olhar ao mesmo tempo sereno e interrogante, perguntei sem aguardar resposta se confiava em mim, peguei-lhe pela mão e reboquei-a pelo corredor lateral da arcada.

A casa de banho publica ficava num corredor isolado e as entradas homem/mulher eram encostadas. Aquela hora da manhã além de excepcionalmente limpas não havia ninguém nas redondezas. Optei pela casa de banho dos homens abri a porta e espreitei, estava vazia, havia olhado para trás e não estava ninguém no corredor, sem pensar, sem hesitar, entrei, sempre levando a minha amiga bem firme pela mão não fosse ela retrair-se. Escolhi o mais seguro reservado, espreitei, entrei, puxei-a para dentro e fechei a porta atrás de mim. Olhei a
P directamente nos olhos e notei sem margem para dúvidas que esta opção a tinha deixado excitada.

Repeti o gesto de silêncio. Sem sons, sem palavras, sentei-a na tampa do único pouso disponível, inclinei-me e dei continuação ao ultimo beijo trocado na esplanada, sem pressa, fui-lhe retirando cuidadosamente a roupa de baixo, baixei-me, agarrei-a por detrás dos joelhos erguendo as pernas no ar e enfiei a língua repentinamente, o mais fundo possível, no seu centro de prazer. Fui retirando a língua lentamente com ligeiras paragens e num vaivém trémulo, quando atingi o seu exterior massajei-a à vontade e abundantemente pelos arredores e voltei a entrar de língua repetindo todo o percurso. A sua reacção dizia-me para continuar, ela segurava a minha cabeça com ambas as mãos e procurava conduzir-me para fora nos momentos de maior descontrole, o que não permiti. Continuei assim bastante tempo até o desconforto da posição falar mais alto. Ergui-me e comecei a aliviar-me do aperto das roupas enquanto ela se endireitou no assento e sem cerimónias se atirou direitinha ao fecho das minhas calças. Sem tabus ou falsos pudores iniciou um desfile de todos os malabarismos que tinha de reserva ao longo do meu sexo que há muito soltava húmidas e abundantes expressões de alegria. Na minha posição de pé e ela sentada fechei-lhe suavemente o nariz com o polegar e indicador da mão esquerda para a obrigar a abrir a bomba de sucção labial para respirar, ela abrandou e olhou-me sem parar o movimento, com a mão direita comandei-lhe o maxilar, afundava agora o meu sexo pela sua garganta abaixo sem tocar nos lábios que se fechavam só no movimento de saída, puxei-lhe suavemente e língua para fora para acompanhar todo o trajecto e procurei manter aquela movimentação de forma regulada mantendo-me durante bastante tempo num estado permanente de pré-ejaculação em que abrandava o movimento para evitar vir-me de imediato, e de seguida acelerava até me estar quase a vir. Esta movimentação pareceu-me durar muito tempo após o que coloquei o meu casaco a servir de coxim e colocando-a na posição inicial comecei a massajá-la de novo com a língua. O seu sabor é absolutamente fora de tudo o que provei até hoje, mais tarde haveria de a questionar se usava algum perfume ou técnica de lavagem que pudesse ser o responsável pelo indefinível e excepcional sabor almiscarado, adocicado, acre e doce, amendoado, da sua rata, ao que me respondeu que "é tudo natural, como a tua sede...". Alternei então a penetração com a língua. Durante alguns minutos fui alternando entre beijar e mordiscar aquela cona cenicamente perfeita e meter-me dentro dela com um golpe seco, único, de rins prolongando o movimento de saída até quase à dor. Quando ambos já não suportávamos mais aquele jogo e estávamos mesmo no limite da resistência, num consenso sem palavras P virou-se de joelhos sob o casaco colocado em cima da tampa, e roçando o seu rosto pelo meu, trocamos um beijo e um olhar sem equívocos, firmemente agarrada pela anca penetrei-a por trás até ao fundo começando com movimentos lentos regulados pela leitura que conseguia fazer das reacções dela, sempre naquilo que nos parecia ser o maior silêncio, acelerando quando chegou a hora para desabarmos em simultâneo numa liberdade de líquidos abundantemente soltos bem no fundo daquela cona quente. Passaram alguns minutos enquanto acertámos o nosso relógio de êxtase com a hora legal, voltávamos à terra ao mesmo tempo que lentamente íamos desfazendo o abraço em que, numa posição incómoda, nos havíamos abandonado.
Servimos de espelho um ao outro, limpámo-nos, tentámos ver-nos livres do inevitável/indisfarçável ar de quem acabou de foder.
Tentei perceber a movimentação do outro lado da porta, olhei para trás
P fazia uma avaliação do estado do vestido e tinha dobrados no braço os casacos, conforme tinha quando entrou. Decidi sair, peguei-lhe na mão, abri a porta e arrastei-a, sem olhar para os lados, quase a voar pelo meio de dois ou três rostos expectantes que, adivinhos com boa capacidade auditiva, nos aguardavam curiosos e entesados.
Só abrandámos já estávamos bem longe e, sempre puxando-a pela mão, dirige-me à mesma esplanada onde havíamos estado. P deu alguns saltitos mais rápidos num esforço para tentar acompanhar o meu passo apressado e conseguiu colocar-se ao meu lado, abrandei então como reconhecimento pelo seu esforço em tentar acompanhar-me sem reclamar. Olhámo-nos pela primeira vez à luz aberta depois de sairmos daquele local, rimo-nos francamente e beijámo-nos. cúmplices numa aventura que havia sido novidade para os dois. "Que tal estou?" perguntou. "Disfarças, e eu?". Repetimos o pequeno almoço, desta vez mais calmo e menos tímido , retemperado pelo apetite criado no momento que havíamos acabado de experimentar. Despedimo-nos com um silêncio que valia por todas as palavras tornadas desnecessárias pelos olhares e por um cingir das mãos a acabar em beijos. Combinámos decidir novo encontro quando voltássemos a falar, havia uma promessa tão grande neste momento que havíamos acabado de partilhar, que ambos queríamos retomá-lo quanto antes.

De olhos fechados sorria esquecido enquanto recordava estes momentos, fui acordado por uma observação ao ouvido
andas muito prosaico mesmo. Sorri, mal sabes tu por onde anda a minha prosa.....

domingo, 14 de setembro de 2008

Innuendo

No blog dela
Não me bastava há muito a forma suave como o teu olhar descrevia as formas do meu corpo. Queria sentir-te sair desse espartilho onde te encerras onde és dono de todas as emoções que condicionas com frieza e controle. Sentir que as tuas mãos que me percorrem quando escreves, quando me falas ou quando me empurras à bruta para que te satisfaça as fantasias e acalme os instintos. Sentir por um momento que não sabes o que fazer, que hesitas, que duvidas de algo, que duvidas de ti. Da tua imaginação talvez, de qualquer coisa que me faça sair da submissão, sair de ti. Quem te ler há-de pensar que eu sou apenas um fogo fátuo, infiel, doente de sexo que perdida te apareço para roubar pedaços da razão que já não tens. Ninguém há-de pensar que sou a vitima que puxas e repuxas por um cordel como uma marioneta sempre que te apeteço ou nos intervalos dos devaneios passageiros com que entretens dias e noites. Porque não contas que nos comandamos alternadamente? Porque não assumes que gostas de te impor mas também gostas que eu me imponha? Que é tanto verdade eu esperar por ti ao fim do dia nos raros momentos em que passas pelo país, para passar uma manhã contigo. Como tu me apareceres a qualquer hora para eu ter de deixar tudo a caminho do primeiro recanto que encontrarmos. Somos uma espécie de casamento em que comprometemos quatro em vez de dois e onde há sempre alguém à espera de alguém que se atrasa que não chega, que decepciona. Já agora porque não publicas isto? Esmerei-me para que o possas fazer, não queimei a tua imagem, não elevei a minha. Apenas algumas pessoas que não nos poderão nunca ver juntos podem entender o que escreves, o que escrevo para ti, e jamais relacionarão este texto enquanto resistires a não expores alguma foto minha, espero que nunca.
..........."


Havia-me despedido de ti há poucos minutos, tenho ainda o sabor do teu hálito, suave-sabor, na minha boca, conseguia senti-lo sem precisar de fechar os olhos, sem recorrer à imaginação, era real. Real como cheiros de pele, cabelo e perfume espalhados por todo o lado. Nunca me despeço de ti na realidade, transporto e prolongo a tua presença de todas as formas naturais e outras que invento por paixão. Sentei-me no carro e por instantes fechei olhos, recostei-me imaginei que seguia viagem contigo, desejava-o mais que tudo. Não ter de me separar de ti era o meu desejo secreto mais bem guardado, a minha fragilidade de estimação, o meu ponto fraco. Imaginava que te poderia assustar, imaginava-te a ver-nos num ângulo menos cativante e a adrenalina a deixar de bombar, como tu dizes, a desapareceres à queima roupa. Tenho algumas inseguranças, apenas não vivo delas, nem tas posso oferecer para motivo de conversa com uma das tuas amigas com quem não resistes a trocar confidências sórdidas e desnecessárias.

Decidi interromper o meu devaneio, abri os olhos, voltei ao real. Imaginei-te a conduzir a alta velocidade, já tinhas tempo de ter chegado à auto-estrada, e accionei o botão de chamada, tinha o gesto preparado desde que me havia despedido de ti. Atendeste nem tive tempo de falar: *
- "sim estou de auricular, sim vou devagar, sim tranquei as portas e sim vou a pensar em ti, e tu?"
- "ainda estou no parque do hotel, sabes que hoje me sinto estranho"
- "estranho como?"
- "estranho."
- "descreve-me essa estranheza, faz favor, já abrandei....Vou a menos de 180"
- "sinto-me aparvalhado, apetecia-me continuar agarrado a ti mesmo sabendo que estou completamente esgotado, ou talvez por isso mesmo. Apetecia-me ir à beira de água e desenhar corações na areia molhada escrever o meu nome e o teu. Olhar-te na cara e dizer-te baboseiras e lugares comuns e ficar a curtir a sensação de estar apaixonado mesmo que não tenha palavras especiais para cobrir o acto, coisas desse tipo...."
- "e onde é a beira de água mais próxima? vai pensando, vou dar a volta ao carro, vou regressar. Não te preocupes que vou guiar com muito mais cuidado por ir a caminho de ti, quero mesmo chegar." *

*diálogo transcrito de gravação.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Canto Das Mãos


Empurrei-te um pouco à bruta (na realidade foi devagar, mas tanto elogias publicamente o jeito com que faço amor contigo, que me pareceu um gesto desnecessário de uma certa brutalidade) segurei-te o cabelo e puxei-te a cabeça para trás. Nos teus olhos notei um desenho em amêndoa e aliviei a força com receio de te magoar, com a outra mão puxei-te o rabo e colei-te a mim, enfiei a minha cara no teu peito, pressionei-te com a minha perna no meio das tuas. Deixei o meu peso pressionar-te contra a parede e fui erguendo o olhar ao encontro do teu que me suplicava num jeito de lamento ou de prazer, que não parasse. As minhas mãos soltas colaram-se de frente ao teu peito e amassei-te com dor até me cansar. Desci por ti, senti sabores diferentes de todas as partes do teu corpo e possui-te com a língua até me saciar (por agora). Espalhei frutas e licores sobre a tua pele e demorei-me a reencontrar o sabor do teu corpo por momentos camuflado por açucares morangos e Moët & Chandon. E cobri-te do meu próprio néctar enquanto inerte imaginavas os temperos acabados de inventar e sussurravas poemas sem sentido de que só entendia os nomes dos autores. Por fim acordei-te da letargia de prazer em que vagueavas dependente e guiei os movimentos da tua cabeça que mergulhava no meu baixo ventre. Usei o teu cabelo preso para comandar a cadência com que te inundei a boca do muito prazer acumulado e com um sossego temporário procurei o teu corpo para nele entrar finalmente, sem pressas, percurso de prazer sem fim à vista.

domingo, 7 de setembro de 2008

Ensaio


A ideia tinha sido tua, por mim deixava tudo ao acaso e ao risco insustentável e insuportável. O risco não me excita de forma especial é igual a qualquer outro factor da relação. Se tiver de optar por uma lista de situações escolherei o conforto de um quarto de hotel limpo e confortável com ambiente condicionado, nunca por sexo em público. Mas, se acontecer em público como tantas vezes provocas, é sempre um tipo especial de excitação, embarco sem contrariedade e sempre com.....Prazer, húmido....

Pensar no percurso de treino que delineámos durante o almoço estava-me a agradar, imaginava que essas sessões de treino seriam bastante compensadoras na medida em que nos iríamos comer dias seguidos a título de encomenda. Isso sim, para mim é excitante.

A ideia de conseguirmos fazê-lo no meio de gente, em pé, até ao fim e sem ninguém ter a certeza do que se estava a passar era arriscada, nova e mirabolante. Mais tarde haveríamos de nos rir quando nos confrontámos com o facto de IMENSA gente já ter feito o mesmo. Contava o que contava, para nós era a nossa aventura, outras se seguiriam.

Encontrámo-nos ao fim da manhã como fazemos muitas vezes e decidimos seguir o nosso pequeno guião desde logo. O primeiro capítulo dizia que nos excitaríamos até ao limite sossegadamente, na segurança da nossa intimidade, de forma a irmos muito perto da recto final quando chegasse a hora da verdade.
Desta forma procurámos de mão dada um local sossegado e assentámos arraiais, pedimos dois cafés, curtos em chávena escaldada como é nosso hábito, estereofónico. Calmamente sentados de frente, debruçados sobre a mesa, iniciámos um beijo explorador e calmo, primeiro um roçar de lábios, depois um mordiscar de que ambos não prescindimos, depois gradualmente, deixar correr a disputa das línguas por um território, uma permanência dentro do outro, sôfregos, esquecidos, entusiasmados, tentando sorver todo o ar do companheiro para sentir quem se submete, quem fica por cima ou quem fica por baixo, quem manda ou quem é mandado.
Nunca chegamos a nenhuma conclusão, por isso nos continuamos a beijar sempre como se fosse a primeira vez.
Quando nos descolámos finalmente, os meus dentes segurando o teu lábio inferior quase ferido, os cafés estavam pousados, abandonados, ao nosso lado. O sabor do café e o aroma entre nós estabeleceu momentâneas tréguas neste jogo de tesão e levou-nos aos planos que precisávamos traçar. Tínhamos marcado hotel para a tarde mas iríamos ainda almoçar nas redondezas e desenrolar o nosso jogo bem planeado.
Primeiro queríamos escolher o local onde se desenrolaria a aventura, de imediato rompemos em hilariantes e loucas situações imaginadas. Falámos de casamentos e funerais, de metropolitanos e filas de check-in de aeroporto, paragens de autocarro e elevadores panorâmicos, de uma caminhada ao longo do passeio alegre connosco indiscreta e indecentemente colados, eu atrás de ti, movendo-me apaixonadamente, como uma sombra, sempre dentro de ti, deleitando-me com o movimento das tuas coxas e nádegas ao andar.... Rimo-nos.
Precisávamos de uma coisa mais segura mas igualmente excitante.
Enquanto isso íamo-nos provocando indecentemente, mãos sem descanso percorriam coxas e o ponto central onde estas se encontram, beijos ocasionais, tudo na maior naturalidade. A curiosidade dos circundantes havia mesmo arrefecido ao ponto de apenas dois jovens, sentados ,afastados, permanecerem interessados e fixos na nossa movimentação.
Por alturas de pagar a conta, havíamos escolhido o sitio para o nosso show fetiche e eu estava pronto para me vir no momento que decidisse.

Eliminámos a sala de espera do hospital porque têm vigilância e porque teríamos de estar identificados, se alguém nos topasse não adiantava sair à pressa. Transportes públicos podíamos ser confundidos com essa espécie de tarados que se exibem em público e irmos dentro. Teria de ser um sítio onde fossemos anónimos e nos pudessemos diluir caso corresse mal. Parecia que estavamos a planear uma delinquência comum. Decidimos por isso o passeio de Domingo à beira rio de manhã.
Seria uma boa desculpa a emotividade da paisagem para estarmos encaixados demoradamente e mesmo para ondularmos musicalmente ao sabor dos espasmos que prevíamos poderem denunciar-nos. Planeámos um vestido aberto, cruzado atrás, e calças de fecho bem baixo. O que escorresse do fim da actividade teria de ser contido pelo colar das coxas e espalhado por estas. Um perfume em spray seria dispositivo anti-odor de emergência. Estava tudo planeado. Mais tarde haveríamos de rir-nos destes planos de principiantes quando a adrenalina começou a ser bombeada também pelo improviso e quantas vezes bastava um puxar o outro, contrariado, para as maiores e mais arriscadas cenas de sexo em público.

Entrámos no quarto já com a queca a meio. Parámos no entanto e começámos a proceder conforme combinado. Sabíamos que iria ser uma tarde longa e estávamos sem pressa.

Procurei uma cadeira e encostei-a à parede com apoio de costas virado para o meio do quarto, encostei-me em pé como se fosse um gradeamento típico de protecção do rio. Abri os braços em concha para ti que lenta e provocante encenaste um rodopio-passo-de-dança e te encaixaste de forma dependente e apaixonada. Ficámos assim algum tempo. Pensei em silêncio que numa atitude daquelas tão evidentemente apaixonada, mesmo que alguém se apercebesse que fazíamos amor como poderia achar mal?
Aliviei com um gesto natural a minha pressão sobre ti, a tua mão hábil procurou o meu sexo num gesto despistante e confundível, encontrei-me rapidamente à porta de entrada do teu corpo onde me mantive pacientemente, provocando o teu desejo com pequenos toques que atingiam o seu pequeno alvo entumescido. Podia-me manter assim muito tempo numa massagem suave ao teu clitóris que não suporta este tipo de provocações, mas sabia também que essa insistência te soltaria os movimentos incontroláveis e os sons, uma vez abstraída das circunstâncias. Por isso penetrei-te com um pequeno jeito de rins.
Até agora nada neste ensaio de prazer nos parecia detectável pelos transeuntes, porque continuavamos a dialogar e movendo-nos melodiosamente, acompanhando a dança das águas do rio imaginárias.
Mantivemo-nos, conferimos depois, 14 minutos nesta movimentação. Os liquidos balsâmicos abundavam e escorriam de forma imprevista pelas tuas coxas, eu estava indecentemente molhado, roupas e corpo. Catorze minutos é imenso tempo para me vir neste tipo de rapidinha, e no ambiente natural as distrações e desconcentrações iriam prejudicar ainda essa média. Indiferente às minhas condicionantes, saltavas de orgasmo em orgasmo que se tornavam mais evidentes, para mim, pelo movimento que adoptavas para disfarçar e pelo efeito pele de galinha nos teus braços aliado ao rubor instalado no teu pescoço.
Por fim vim-me sem conseguir evitar contrações pouco disfarsáveis e principalmente um torpor muito forte devido ao esforço da situação.

Abro a cama e atiro-me para cima dispo-me à pressa, estou doido de tesão e reparo que tu não estás mais controlada ou controlável que eu próprio. Fazemos sexo desenfreado e puro até cairmos no abraço de colo que devolve a junção do amor com o sexo, neste ponto final onde nos detemos sempre que arrefecemos e voltamos a raciocinar, recuperando o controle da mente sobre o corpo.

Afinal talvez não seja necessário repetir o treino.

sábado, 6 de setembro de 2008

Matinal

"Escreve devagar senão ninguém te lê, escreve pouco, mas não deixes de lhes mostrar e fazer sentir aquilo porque passamos. Não te esqueças que me dá um raio duma ponta ler o que escreves sobre nós. Voltarei mais depressa.... Serei mais escrava e mais obediente.... Sofrerás muito mais às minhas mãos....Antes de adormeceres no meu colo. Vai, vai escrever. E não olhes para outras, ouviste?"

Era muito cedo e não me parecia boa ideia, mas tinhas-me surgido tão entusiasmada que não podia correr o risco de perder essa promessa de emoção. Só pensava em inconvenientes, porque iríamos ficar marcados e porque ambos teríamos um dia de trabalho complicado pela frente. Pensava em roupas amachucadas e manchadas e principalmente que se alguém se apercebesse que tinhas estado a foder tentasse tirar partido disso. Perguntava-me a mim próprio como, e imaginava uma série de maneiras de ir por esse caminho. Desisti de pensar.

Cheguei adiantado e escolhi um sitio que me pareceu bem. Já ali havia estado antes, é impossível descobrir sítios novos por aqui é o que parece. De manhã o ambiente é diferente e há outro tipo de movimento. Telefonei disse onde estava, entretive-me a ensaiar o tipo de atenção que iríamos despertar. Não pensei muito nisso até porque podia ter o azar de mudares de ideias no trajecto.

Afundado no banco senti parar o carro ao lado, nem olhei. Ali sozinho no meio de nada a pararem ao lado só poderias ser tu. Saí para te abrir a porta mas cheguei atrasado....Já estavas a colocar as pernas de fora quando o meu olhar chegou e pareceram-me muitos os minutos que demorei a percorrer aquele metro até te tocar. Abraço, levantei-te do chão e encostei-te o mais que pude à expressão mais rija da minha alegria que saltava de contentamento por debaixo do fecho das calças desde que os meus olhos vislumbraram o teu decote, a meia preta, aquele maldito sapato fechado que me põe fora de mim.

"Vestida para foder?", perguntei.
"Não, vestida para despir!" respondeste.
"Resposta sempre pronta na ponta da língua?" observei.
"Não, mas sempre pronta para te fazer vir com a língua".

Entrámos pela mesma porta do carro num ensaio descontrolado de mãos e botões e fechos. Desenrola-se uma batalha de preliminares de banco da frente, mamas, soutien, braguilha, sem tréguas. Vagamente reparei que não passávamos despercebidos ao empregado da caixa do parque de estacionamento, à distância, e que os vidros estavam já bem embaciados. Gosto de carros suecos porque tem uma suspensão discreta que não revela muito o movimento interior, ainda bem. Completamente inútil a pergunta mas: banco de trás?

Banco de trás
No banco de trás despimo-nos completamente um ao outro de forma mais contida e saboreada, havias-me pegado há muito o vicio de saborear, sem pressa, todos os degraus que conduzem ao orgasmo e tentava respeitá-los porque sabia que compensava, mesmo que fosse um recém-chegado às aulas deste curso. Deixei-te afundares-te em mim e fui-me vindo lentamente na tua boca, sabida, que praticava o broche que ambos desenvolvemos por mútuo conceito, no nosso laboratório privado de salas de cinema, observados no escuro por sombras ritmadas. Posso deixar escrita a receita desse broche? Talvez no final?

Parei-te. Chegou a minha vez e estava louco de desejo por te saborear e sentir trepidar de desejo. coloquei-me de joelhos no chão do carro e deitei-te, confortável, ao longo do banco, comecei uma versão banco traseiro do teu minete favorito. Lamber e entrar, língua, dedo, e dedos, e sexo, e repetir com entusiasmo, alternando a ordem das variantes. Sei que te estás sempre a vir e desisto de perceber quantas vezes. Procuro agora o sinal que me diz para passar ao movimento seguinte, vejo a tua expressão que chamas de alivio de pressão (pressão dessa tesão que te invade pela manhã...).
Num movimento estou com uma perna tua esticada sob o banco e outra no meu ombro e vai ser difícil ter outra posição, ambos estamos muito adiantados para mudar de posição ou fazer durar mais este frenesim que já dura há bastante tempo. O teu orgasmo salta finalmente do teu fundo de forma ruidosa e que não consegue ter em conta que estamos onde estamos.
Continuo calmamente sem parar o movimento apenas abrandando um pouco enquanto aguardo o teu regresso ao mundo dos vivos que acontece num instante.
Afinal sempre mudamos de posição, sento-me recostado e confortável enquanto aprecio os teus pés em cima do banco antes de te sentares em mim, seguro-te o rabo enquanto procuras a melhor forma de tornar pouco dispendiosa uma penetração anal completamente contra-indicada para o banco traseiro de qualquer carro. Mas o encaixe está feito e calmamente observamos os dois o movimento de vai-e-vem do meu corpo a entrar e sair do teu, lentamente começamos a saborear cada centímetro desse movimento a temperatura parece-me começar a subir, imenso, naquela zona do meu corpo que percorre o teu interior. Sinto que te vens de novo e abrandas o movimento. Paro a incursão anal, saio de ti e penetro-te pela frente fundo e bem encaixado, a minha intenção é esperar por ti para continuar mas vejo-te morder o lábio e percebo que a hora da maldade chegou, vais fazer sair da cartola os teus truques todos e o teu conhecimento de mim. Venho-me num abraço profundo prolongadamente e mantemo-nos assim uns minutos encaixados, alheios, num torpor sonolento de colo e paixão
.

A roupa? Uma desgraça.
Os perfumes? misturados.
O cabelo.....Revelador.

Não, não vamos trabalhar esta manhã. Vesti-me saí do carro a sacudir-me e fui à cabine pagar os dois estacionamentos, à volta havia já imensos carros surgidos entretanto. Imagino a alegria e assunto de conversa que teremos dado a uma mão cheia de gajos e gajas para o dia todo e certamente também para .... a noite.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Placebo


Acaricio a superfície
suave do teu corpo nu
com o olhar morno
que te toca ao de leve,
de forma imperceptível,
fronteira entre
o sentir e imaginar,
corrente eléctrica e calor
de pele, misturados
num caldo de sensações
que te despertam
gestos escondidos
que não reconheces
como teus.
Gritos e sabores
que desencantas
debaixo da pele
e desenhas no ar,
percorrida pela
língua que te perscruta
e se esconde dentro de ti,
afundada num beijo de vulva.

labia majora, labia minora,

especiarias,
(todas as especiarias são raras, )
como os sabores que misturamos
demoradamente,
nas noites de verão
passadas ao luar,
aromas que transporto
no meu corpo, nas minhas mãos
na ponta dos meus dedos
que te marcam por dentro.

Hoje vou adormecer
com o teu cheiro espalhado
no meu corpo sereno
do amor que partilhámos.

Não demores a desassossegar o meu corpo de novo.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Segura de Ti

Apenas eu sei que foges
quando me gritas que te traio.
Não é traição amor e as outras
são chamas apagadas,
sempre que o teu sopro

anuncia que vais
surgir no horizonte por
onde te perdes dias a fio.


Mas eu espero enquanto constróis
redes com as palavras
onde contas que me possa rever,
sei que não sou só eu.

Mas sei que estou por lá.
Volta apenas.
Perguntas?


Faz-me as mesmas que te dirigir.

PÁRA E BEIJA.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

De Novo?


Hoje enviaste-me uma
mensagem por engano que ainda
não li.
Pedes-me em pranto que não leia.
Vou decidir que leio e assumo que não o fiz.

Desculpa amor, tenho de ler e interpretar,
deixar de estar preso a ti, de vez.
Preciso voar, esquecer-te.

Mas ainda não decidi se vou se fico,
o que é mais forte e mais fraco.
Mas como dividir-te se te amo,
Mas se não te quero dividir e te amo,
que vou perder se fizer

O QUE TENHO DE FAZER ?

Vou ler, serei uma amostra de mim, depois.
Ou serei uma fera de cabeça erguida,
caçando suas presas à toa
ferida de morte no coração
a céu aberto.